Nunca vi a Via-Láctea
Muitos falam que em noites sem lua
De céu límpido, negro como ônix
Pode-se ver a Via-Láctea, tapete estrelado
Que os antigos diziam ser o leite de Hera
Derramado de seu seio, espargido em luz...
Estrada radiosa a guiar na escuridão, mas para onde?
Volto o olhar para o alto e não consigo enxergá-la...
Miopia da vista, ou da alma?
Se realmente for como escreveu o poeta
Estou sob o resguardo de seu manto cintilante
Oculto de minha visão, mas entrevisto em espírito
Se é preciso amar para ouvir as estrelas
Então a falta de amor em mim fez-me surda e cega
Pois não posso divisar esta multidão estelar a me gritar
Serpenteando pelo universo, a peregrinar pela eternidade...