Efêmero
Se queres algo guardar
Guardas somente o amor
Que por ti tenho, estático
Ponha entre os teus olhos
E nada mais preciso será
Ante a luz que o fará eterno.
Se queres algo guardar
Guardas o poema, transcrito n’alma
E não em gavetas avelhentadas
Que nada guardam, somente matam
Tiram dos olhos a falta...
Se queres algo guardar
Guardas o que guardas ao sorrir
Mas por querer guardar somente.
Para que sempre se tenha a causa,
E mesmo à ver a causa se esvair
Mesmo que o tal sempre haja
Apenas em teu ser demente.