Corpos na Vala

Acordei naquele dia, pensando ser um dia qualquer. Porém, jamais esquecerei aquela manhã, graças ao fabuloso comentário do meu professor de Anatomia quase ao término de sua aula.

O fato ocorreu da seguinte forma: Meu professor estava dando um exemplo de um determinado assunto na aula de Anatomia, onde surgiu o substantivo “Vala”. Foi então que, de uma forma extremamente brilhante, resolveu exemplificar o sentido da palavra “Vala”, e custa-me ressaltar que ele exemplificou da melhor maneira possível, visto que estávamos em uma sala de aula, repleta de futuros doutores, num curso de graduação, de uma Universidade de conceito. Então, ele exemplificou da seguinte forma:

- “ ‘Vala’, é aquele buraco na rua onde colocam os corpos das pessoas que morrem [...]”.

Preciso comentar algo a respeito?

Esse fato me chocou de uma forma tão grande que perdi até o rumo da conversa e me desconcentrei de tudo e de todos!

Isso me fez questionar em que mundo estamos, onde vivemos e para onde vamos...

As pessoas estão acostumadas a esses tipos de comentários como se fossem algo extremamente natural, e sabemos que não é!

Aprendemos a conviver com coisas horríveis, crimes bárbaros e situações de confrontos que antes eram apenas fatos isolados, mas hoje vemos isso no mundo inteiro!

E diante de tudo que ocorre, nós apenas aprendemos a nos conformar...

Por isso, ocorrem coisas tremendamente absurdas como o exemplo dado pelo meu professor.

E sabe o que mais me machuca?

O fato de que, quando o exemplo “Corpos na Vala” foi dado, todos os meus colegas compreenderam o que o professor quis dizer, e simplesmente anotaram em seus cadernos...

E isso trouxe-me uma indagação: Se hoje, “Corpos na Vala” não causa nenhum impacto ao Ser Humano, o que teria que acontecer no mundo para que todos pudessem sentir a dor que sinto agora?

Isabela Marques Espósito
Enviado por Isabela Marques Espósito em 10/01/2012
Código do texto: T3432990
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