Sem título, sem doença (ounão?)
O poeta, sofredor dessa esquisita esquizofrenia de ver palavras no concreto das ruas e no abstrato dos caminhos da mente e do coração não é um doente, como vós pensais. Este cinzelador das letras, pincelador das nuances e pescador das rimas e melodias, mesmo quando passa vidas em sua roupa de alfaiate de métricas, não é o vagabundo que vós pensais. Doentes sois vós, senhores, em suas máscaras e caras de pau e podridão coberta de pó e corretivo superficial, tossindo insanidades e tentando não se infectar mais de vós próprios. Não queres vozes próprias, não é esta a verdade, senhores? Nunca as quererão, a não ser que sejam as vossas, posto que em vossa doentia e esquizofrênica mente (sim, a tendes, uma maldição imposta pelos ricos diabos chamados humanos e vulgo conhecidos por ambiciosos) vós sois os centros dos universos, e há uma massa negra de pseudonormalidade que os rodeia. Tua esquizofrenia também vos causa cegueira, homo stultis? Não vedes vós que as vozes são únicas, mesmo quando parecidas? Que os grãos de mesma aparência já não são o mesmo apenas pelo fato de serem 'um' e 'outro' e estarem em lugares diferentes? E ainda tendes vós a audácia de chamar-me de doente, pífios senhores? Sois vós atados aos fios do destino, assim como eu e os outros, mas não serei eu, nem serão alguns destes outros ventrílocos da estupidez, assim como vós. Serei eu vítima voluntária de minha estranha esquizofrenia, e me suicidarei neste cinzel de pena até que a doença tome conta de mim e me faça entrelinhas, e adube as rimas de minhas cinzas. Vós, pobres senhores cheios de poderes humanos, não tem força nem efeito algum contra os poderes destas letras retalhadoras de almas impuras.
Dija Darkdija