EU SOU CULPADO

Quantas vezes te pedi atenção

E não me destes sequer a licença pra eu passar

Quantas vezes eu me arrumei toda

E pensavas somente no lugar pra onde ias passear

Quantas vezes eu queria um pouquinho de tuas mãos

E sentia o frio de tua frieza polar que me contraia o coração

Quantas vezes me senti só e vazia

E mais só me sentia, quando com tantas pessoas só tu estavas

Quantas vezes eu senti dor

Não esta dor física

Mas esta dor moral

Ficavas fechado no teu firewall sentimental

Que deflora meus sentidos

Que me consome as entranhas

Imobilizada na teia do teu descaso

Como o alimento das aranhas...

Quantas vezes não te senti

Quantas vezes menti pra mim

Sou uma escala cadavérica

Que apenas pesa na gravidade

Sem rima e sem métrica até pra sumir

Sem compasso e sem passo pra cair

Por tão pouca e oca vontade de viver

Vou me esgueirando perdida

Como caranguejo no mangue

Esperando que logo congele o meu sangue

Já estou fria e estanque de vida...

Assim me dizia ela quando a pouco partira deste mundo

E só agora encontrei e estou apenas

Na quinta página de seu secreto (não mais) diário

Assim como ela nunca o encontrei

E agora é tarde me condeno

Por homicídio culposo...

Não há repouso pro remorso...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 08/01/2012
Código do texto: T3429776
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