EU SOU CULPADO
Quantas vezes te pedi atenção
E não me destes sequer a licença pra eu passar
Quantas vezes eu me arrumei toda
E pensavas somente no lugar pra onde ias passear
Quantas vezes eu queria um pouquinho de tuas mãos
E sentia o frio de tua frieza polar que me contraia o coração
Quantas vezes me senti só e vazia
E mais só me sentia, quando com tantas pessoas só tu estavas
Quantas vezes eu senti dor
Não esta dor física
Mas esta dor moral
Ficavas fechado no teu firewall sentimental
Que deflora meus sentidos
Que me consome as entranhas
Imobilizada na teia do teu descaso
Como o alimento das aranhas...
Quantas vezes não te senti
Quantas vezes menti pra mim
Sou uma escala cadavérica
Que apenas pesa na gravidade
Sem rima e sem métrica até pra sumir
Sem compasso e sem passo pra cair
Por tão pouca e oca vontade de viver
Vou me esgueirando perdida
Como caranguejo no mangue
Esperando que logo congele o meu sangue
Já estou fria e estanque de vida...
Assim me dizia ela quando a pouco partira deste mundo
E só agora encontrei e estou apenas
Na quinta página de seu secreto (não mais) diário
Assim como ela nunca o encontrei
E agora é tarde me condeno
Por homicídio culposo...
Não há repouso pro remorso...