O silvo da morte
A sorte do homem
Há homem devoto
Que mora no mato
Que anda descalço
À procura do pão
Derruba uma árvore
E faz o carvão,
À noite se benze,
E a Deus agradece,
Da fome se esquece,
Sacia-se com a devoção
Todavia, bem cedo,
Sobre os gritos do sol,
Levanta apressado,
Atrás de um bocado
Precisa partir
Nem bem nasce o dia
A noite já chega
Sobre a sorte negra
Ele volta sem pão
O dia foi árido
A tarde injusta
Seus olhos disfarçam
A atroz solidão
Há sempre outro dia
Quando a noite finda
Sobre o acoite
Da cruel possessão
A vida não cessa
A morte já tarda
Para um corpo
Que se enfada
Com a triste razão
Da noite sombria
Que de longe assobia
O final da canção
Brasília 10/01/2007
Evan do Carmo