Um Bêbado no Cemitério

Perambulava meu corpo ébrio em um jardim de sepulturas e minha mente dançava bêbada em outras dimensões.

Eis que um estrondo me furta a atenção, uma lápide quebrando, soltando pedaços no solo.

Dei-me conta que minha garrafa, jaz vazia.

E da tumba ergue-se um morto, com seu terno negro em frangalhos, e vermes por todo lado.

Dê-me um gole dessa bebida!

Falou-me o cadáver erguido, no que respondi de imediato:

Em minha garrafa não há nada, e se tivesse não daria a teus lábios podres.

Mas o que custa dares a ele um gole desta bebida!

Falou-me um angelical pedroso, sentado de olhos azuis, no que respondi:

Mas até estátua agora se mete e ainda não sabe o que diz, minha garrafa está vazia!

E o morto cambaleia rumo a mim, a estátua movimenta-se vagarosa, no que digo:

Mas que maldita atormentação, vão sossegar.

Atiro com força a garrafa no ladrilho áspero e cinzento.

E como uma bomba ela explode e me turva a visão, adormeço.

Quando acordo, estou em cima da estátua com o defunto decomposto.

Mas que aporrinhação!

Ueslen
Enviado por Ueslen em 06/01/2012
Reeditado em 06/01/2012
Código do texto: T3425375
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