Um Bêbado no Cemitério
Perambulava meu corpo ébrio em um jardim de sepulturas e minha mente dançava bêbada em outras dimensões.
Eis que um estrondo me furta a atenção, uma lápide quebrando, soltando pedaços no solo.
Dei-me conta que minha garrafa, jaz vazia.
E da tumba ergue-se um morto, com seu terno negro em frangalhos, e vermes por todo lado.
Dê-me um gole dessa bebida!
Falou-me o cadáver erguido, no que respondi de imediato:
Em minha garrafa não há nada, e se tivesse não daria a teus lábios podres.
Mas o que custa dares a ele um gole desta bebida!
Falou-me um angelical pedroso, sentado de olhos azuis, no que respondi:
Mas até estátua agora se mete e ainda não sabe o que diz, minha garrafa está vazia!
E o morto cambaleia rumo a mim, a estátua movimenta-se vagarosa, no que digo:
Mas que maldita atormentação, vão sossegar.
Atiro com força a garrafa no ladrilho áspero e cinzento.
E como uma bomba ela explode e me turva a visão, adormeço.
Quando acordo, estou em cima da estátua com o defunto decomposto.
Mas que aporrinhação!