A VIDA E A MORTE NO MESMO DIAPASÃO.

POR Carlos Sena.


 
O tormento da vida é a morte. O mistério da morte é o silêncio que cala, mas não consente. Também o silencio da morte não liberta, enquanto o barulho existencial confunde. A confusão da vida nos faz parir esperanças, como se para estar vivos fosse necessário conviver com a realidade dura que não podemos mudar. Por nem sempre saber mudar a vida, esboçamos esperanças e construímos em cada dia o futuro. Amanhã é um “talvez” sem "porquê", enquanto hoje é um “sim” cheio de “senão”...

A vida caminha por si e quem duvidar dela tente pará-la. Nessa complexidade tudo se torna sem retorno, mesmo o sonho. Por isto o sonho é talvez nossa grande “moeda de troca” que nos permite viver mesmo sabendo que o “tormento da vida é a morte”...
- Filhos da sabedoria, onde estás que não respondes?
- Em que livro se escondeu o saber, em que fonte se encontra o real prazer de estar aqui? Filhos da sabedoria, onde foi que tua mãe escondeu a chave da eterna felicidade?


Ser feliz em vida é um sentimento transitório que não se conforma consigo mesmo. Há ânsia no existir, como não há na morte por absoluta falta de alcance dela pelos mortais. Afinal, a vida é um sopro e a morte é a falta dele. O triunfo do homem é a contradição de saber que um dia morre, mas não deixa de gostar da vida, apesar disto.
- Oh, sabedoria dos deuses, por que não nos deste o “chip” da indiferença, como paga pelo desespero que é viver nossos “barulhos”?


Lá fora a hora corre sobranceira. Hoje é domingo, amanhã segunda-feira e eu nem sei o que sou na trincheira do ontem, por absoluta falta de domínio do hoje. Hoje é domingo. Melhor dizer que a vida é um dia de domingo. Afinal, domingo é dia de missa! Mas que dia sou eu nessa pre-missa? Às vezes tenho vontade de ser um pobre cão submisso até as últimas conseqüências ao seu dono. Sou meu sim, sou meu não, sou seu homem, seja meu cão! Trovas tontas de lúgubre triunfar no trajeto existencial. Afinal, quem sou eu diante do que não me dizem? A morte é um pouco do que não lhe dizem. Só o "NÃO" é tudo, porque nunca quem morreu voltou pra nos dizer como é por lá. Lá onde? Do outro lado do equador? Pode ser. Afinal, não ser é um pouco do que nutre a vida bandida. SER seria como se o silêncio que compõe a morte fosse apenas uma rima, por sorte.

Adiantem o tempo do homem! Eu tenho vontade de chegar logo lá pra saber se "LÁ" existe. Eu quero saber dos sonhos que um dia tive; eu quero saber do amor que um dia tive; eu quero saber do mundo que dentro de mim habita: meio ermo, meio termo, meio bola, meio cola... Eu quero saber do que ninguém nunca me disse. Céus do Condor, Réus do meu torpor, face do meu rubor.
- Filhos da sabedoria! Riam do meu desfecho QUE ROLA PELA LADEIRA DA MISERICÓRDIA...