MUDANÇA
A vitrine anda meio embaçada
E o manequim destoa a bela veste
Que em tempos memoráveis
Desfilava a passarela forrada sobre o escarlate tapete.
Ó sabedores das dores do mundo
Sabeis, já há muitos idos
Que o delinquente, a prostituta e todos os dejetos
Corrompiam a saudável metrópole
E ao bater o poderoso martelo
Limpava a sociedade dos indesejáveis habitantes.
Bons tempos, outrora pela mídia difundidos,
E eis que ao se levantar o tapete
O quadro escondido mostrou que sobre o delinquente e seus comparsas,
Também doutas autoridades se igualavam.
Ora, pois, o espelho não tinha a transparência cristalina
E a vitrine quebrou-se em mil pedaços.