OFÍCIO SERTANEJO
Inda bem cedo
Quando o sol nem deu as caras
Lá pelas paragens da caatinga
Onde o carancho nem deu sinal de vida
Ouço o aboio.
Canto sertanejo
Canto de enroscar o gado
Que só no estribo, em veloz ziguezague
Nada derruba meu irmão de fino trato.
É da terra rachada, que nem gota de água sabe o que é
E que mandacaru vence com sertaneja teimosia
E guarda no cale o líquido que sacia.
Abrumado como se à festa fosse,
Grossa roupagem feita de coro cru
Igual à pele da gente do sertão
Não rasga entre galhos e pontas de caule
É roupa chamada gibão.
Homem do sertão e gibão tem diferença não
E se misturar à caatinga, eita!
Ai é que não tem suspeita não,
É homem mesmo, é do sertão.
Já bem de tardinha,
Lá, bem distante vejo, e o sol inda nem foi embora,
O aboio anunciando a chegada da vaquejada
E depois do trato cumprido
Vai meu amigo sertanejo
Pro descanso por mais que merecido,
Com as bênçãos do padin protetor,
Vai para arribar para mais um dia de labor.