CEGA
Caminho, olho o sol ao fundo da rua, um sol brilhante… A luz é de tal maneira forte que levo as mãos aos olhos… Por segundos, tiro-as… Doía-me a cabeça e o ardor dos olhos era enorme…
Estou cega… Mas que chatice, pensava que a cegueira fosse apenas escuridão, mas a minha é diferente, é uma cegueira cor do céu, azul bebé…
Peço ajuda, mas ninguém me ouve…
Caminhando, regresso a casa, mas algo de espantoso me acontece… Consigo sentir o vento como nunca sentira antes, consigo ouvir os sons dos animais que me irritam no dia-a-dia, mas que neste momento me fazem sentir lindamente.
Chegada a casa, deparo-me com minha mãe que me pergunta o que se tinha passado comigo, e eu digo-lhe que tinha ficado cega… Nesse momento, ela abraça-me, mas eu não a consigo ver… No entanto, conseguia tocá-la, sentir a sua expressão de preocupação, sentir as lágrimas, deslizando no seu rosto… E mais, sentir o amor com que ela me protegia…
Nesse momento, ouvi uma voz chamando por mim… Era minha mãe (…) e tudo isto não tinha passado de um sonho…
Saltei da cama, abracei-me a ela e disse-lhe que a amava, incondicionalmente.
O sonho talvez me quisesse transmitir que estava realmente cega, cega, por não valorizar as pequenas-grandes coisas que me rodeiam...
Ana Esteves 10.º A