Penélope Charmosa
Ulisses sucumbiu, morreu na guerra ou sumiu, o que dá no mesmo. Lá se foi seu herói e o trabalho maçante de tear findou. Ao inferno com aquele lance louco de fiar e desfiar. O tecido, timidamente escondido, à luz do dia, ganhou radiância, virou vestido de festa. A empoeirada espada foi arrematada num leilão por uns parcos reais lampejos. Na verdade, mesmo presente, o velho Ulisses estava mais para rei do estratagema, do que para mestre nas preliminares. Quanto a Homero, ele que se virasse para reescrever a fatídica Odisséia.
Penélope zarpou num tubinho preto e salto doze. Decolou em outra Ítaca. Esperar o que ? Aquela enfadonha guerra de Tróia nunca teve a ver com ela. Eles que se matassem. Há muito, ela assinara a paz consigo mesma e o universo. Armas brancas e gargantas lhe davam calafrios - Que venham outros heróis - pensou Penélope retocando o blush afinal, mito é mito e suas batalhas eram outras.