Existência

Fui até a criança e encontrei-me declamando a paisagem de um dia ensolarado entre o jardim e o bosque. Pedi a Deus para salvar-me do vazio que me consome, como um inferno verde. Voltei e te encontrei na cozinha jantando o pretérito entre minha companhia e tua infância. Deus existe, os homens são neuróticos e a existência é uma gota d’água pendurada no varal de um dia chuvoso. No teu silencio tento apartar-me de minha angustia sem encontrar a razão do distúrbio que de súbito me encanta. Deito-me no sofá dos segundos e luto pela minha existência. E Tu meu criador, por onde andas neste horizonte infantil?