Anjo, por sua causa é preciso que eu viva!

E não a amo, posto que tal sentimento não me traria tamanha dor que há tempos me atormenta. Creio nisso pois dizem, em caráter de verdade absoluta, que o amor só faz o bem. Idolatram-no como o mocinho de todas as histórias, atribuem a ele vitórias históricas e cantam epopéias dignas de trazer lágrimas aos olhos de Homero. Juram, ainda que inocentemente, a descoberta do mundo e de todas as coisas maravilhosas que nele perduram quando, por sorte ou artimanha do destino, experimentares o amor puro, o amor sincero. Receoso me encontro, então, ao cometer o engano de confundir qual dos tantos sentimentos me atinge quando te encontro, quando te vejo. Visto que não é amor, e visto que o sofrimento e o desespero me torturam quando a lembrança de que não posso segurá-la em meus braços tomam conta de minha mente, insisto não poder julgar belo e harmonioso tal sentimento que me fere, me desgasta. Ainda que o simples movimento de segurar sua mão, olhar em seus olhos e sentir seu perfume abale meu mundo de uma forma que nada mais exista, que nada mais além de ti e somente ti faça sentido, lembro-me que tais momentos são passageiros. O que perdura é a saudade, é a falta de palavras e da atribuição de significado a tais palavras. Queria poder, ainda, somente te olhar, pelo tempo que me fosse agradável. E queria que você entendesse a linguagem em que meus olhos cantam as mais belas poesias inspiradas pela beleza que sua inocência produz. Não me é interessante o exagero, nem a dramatização de um romance estrangeiro. Tudo o que conto e o que escrevo fazem parte do que vivo, do que sinto. Tais devaneios ( ainda que dotados da mais pura verdade e grandeza ) fazem parte do meu espírito. Este mesmo espírito que clama pela sua voz, que se acalma quando você diz ( ainda que em mentira ) que tudo há de ficar bem. Creio, ainda, no que insisto em acreditar. E insisto que és perfeita, ainda que não acredite nessa tolice de perfeição. Volto, ainda em tempo, à busca pelo que, de fato, sinto por ti. Receio não ter uma resposta, e me contento em não tê-la. Desconheço a necessidade de rotular tudo o que está presente em nossas vidas. Aprecio a sensação de não saber, lembrando-me que a ignorância talvez seja, de fato, a melhor das virtudes. E me sinto, sim, um tolo. Julgo-me desse modo por ainda acreditar em meu próprio ser. E meu ser não espera nada além de seus beijos mais sinceros. Ainda que eu não a ame, posto que não é amor.

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Willian Sousa
Enviado por Willian Sousa em 22/12/2011
Código do texto: T3402489
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