JULIETA SEM ROMEU
Ela se apaixonara por ele perdidamente
Nada mais existia diante de seus olhos
As torrentes das idéias eram únicas
Magia e sedução nas batidas do coração
Uma linha tênue passava entre a massa informe o e o chão
Nada mais engana do que as asas dos sonhos
Na ambigüidade tudo é furtado entre o bem e o mal
Ele a seduzia sempre mandando flores como armas
E doces galanteadores para que pudesse em
Sua ausência preencher os espaços vazios
Como o fazemos com as crianças
Dando um ar de falsa esperança...
Sem ele tudo parecia obsoleto
O tempo passava e ela cada dia mais desesperada
Como o fazemos quando chegamos
Perto das pombas reunidas nas praças e calçadas
E logo debandam farfalhando suas asas
Fora carpindo por dentro de seu jardim
Como o fazem os amantes em meio a taça de licor
Sempre desejando sorver da flor um bocado a mais
Ela por um rasgo de consciência estava
Vendo em sua loucura vaga
Que ele cedera a sua presença
Ele dizia que ela era o mosto secreto do seu vinho
Encorpado secretamente guardado no esconderijo
De sua adega e ela era sua Reserva Especial...
Fizeram um brinde rebuscado à longevidade
Era tinto o vinho e como a noite doce e suave
Como nada no mundo é venenoso como dizia
Paracelso “todas as substâncias são venenos
não existe nada que não seja veneno, somente
a dose correta diferencia o veneno do remédio”
Ela colocara em sua taça através de um anel vetusto
Que usava uma dose maior de uma poção
Que usava para aliviar a dor do vazio a base de ópio...
Após o brinde aos poucos e lentamente
A loucura foi maior que o tédio arfava seu busto
Veio a síncope junto com o último gole
O seu último suspiro...
Fechara os olhos e acordara num outro lugar
Seu nome era Temperança...
A obtenção do prazer às vezes é tão passageira
O Inferno de Dante é onde o amor é inoperante...