PEIXE, EU ?
NO EXTERNO DE UM AQUÁRIO ,
CAÍ FORA, CÁ TÃO ÁRIDO ,
NÃO É COMO O MEU RIO .
ESTÁ TÃO SECO, MUITO FRIO ...
EMBORA DA VIDA ME PRIVE ,
É UM TERRITÓRIO LIVRE .
OLHO O AQUÁRIO, NOVAMENTE :
- QUE MASMORRA TRANSPARENTE !
PARA UM SOLITÁRIO PEIXE E SUA MÁGOA...
PRENDEU TUDO, ATÉ MEU ELEMENTO, A ÁGUA .
EMBORA IMPERTINENTE ,
NÃO SOU UM DELIQUENTE ,
E ESSE CÁRCERE NÃO MERECÍ .
INJUSTIÇA ISSO EXPRIME .
QUAL ? QUAL FOI O MEU CRIME ?
O QUE FOI QUE EU INFRINGÍ ?
UMA COISA FIZ, BEM SEI :
NA VIDA EU SÓ NADEI ,
NA AMPLIDÃO ONDE NASCÍ.
REDUZIRAM-ME O ESPAÇO ,
DE TÃO CURTO ME DEU CANSAÇO ,
MORTIFICOU-ME, ENTRISTECÍ .
DAQUELA IMENSA LIBERDADE
SENTI, NÃO SINTO MAIS SAUDADE ...
NÃO HAVIA LÁ TANTOS PERIGOS ,
MAS SIM MUITOS AMIGOS ,
E SEM ELES, NESTA PRISÃO, SOLITÁRIO ,
PENSEI MORRER, SAUDOSO NESTE AQUÁRIO .
DENTRO, A ÁGUA ME SALVARIA,
MAS NÃO RETORNO, MESMO EM AGONIA ,
PREFIRO AQUI FORA, É A MELHOR SORTE ,
EMBORA LIVRE, ESTOU À MORTE
QUE PELAS GUELRAS ME PENETRA.
ASSIM A MINHA ESTÓRIA :
ERA UM PEIXINHO DOURADO
QUE CAIU DO AQUÁRIO, COITADO !
... ETECÉTERA ...
... ETECÉTERA ...
... ETECÉTERA ...
-O-