Um conto de Natal
Chega uma hora, que por mais que não se queira, tem que se ouvir a razão e não o coração e constatar que ele (coração) estava enganado…no triste fado constante, ele teve que reconhecer que é errante o seu caminho e que dificilmente encontrará
o que tanto procura.
Era noite, ela chegou suave no embalo agradável da música que tanto lhe agradava mas…uma vez mais, o vento da incompreensão aliado a algo que não encontrou justificação, veio com a mão gélida da dor apertar o seu coração.
Quando nas ruas e lares os sinos anunciavam a chegada do Natal, ele apenas chorava quando minutos antes, era só alegria…talvez sonhasse demais, talvez acreditasse demais, tinha todos os motivos para assim pensar, agora tinha-os mais fortes para ver que o seu sonho se tinha esfumado com aquela aragem gélida de inferno, o imenso amor que sentia no peito, não conseguia derreter aquele bloco de gelo que contornava o coração.
Triste, saiu à rua, a invernia congelou a lágrima que descia pela sua face.
Caminhava lentamente, um peso invisível não lhe permite avançar com mais ligeireza.
Tudo lhe parece irreal e, visto pelo seu olhar de tristeza, tudo sem cor, sem brilho, sem graça.
Um casal apressado cruza com ele na rua quase deserta, o seu riso de felicidade, ainda lhe quer tomar os lindos pensamentos mas, logo se vão na aragem gélida.
Acreditava que este seria o Natal da sua esperança, o Natal tanto aguardado, e que Deus lhe ia enviar o presente com que sempre sonhou…sim sonhou porque agora já não sonhava mais.
Tinha-se entregado de corpo e alma a esse sonho e de corpo cansado, alma vazia, vê-se numa rua desconhecida, afastando-se cada vez mais do seu lugar.
O seu lugar…como soa distante o eco de tais palavras…o seu lugar
A meio do forte vento escuta uma voz familiar que lhe pede para parar, pensar e voltar
mas a dor não lhe deixa ouvir mais nada…a voz insiste, insiste…ele olha para o Céu e num murmúrio apenas diz:
Hoje não Deus, hoje sinto que até Tu me desiludiste…hoje eu estou apenas triste.