Verão: época de bichos peçonhentos

No blog do nosso amigo Aluísio de Paula, li que em Curitiba aparece, nessa época, a aranha-marrom como chama sabiamente de “um dos inimigos crônicos”, ele nos traz informações de como se pode manter esses seres desagradáveis e prejudiciais longe de nossas casas.

Aqui em Recife saem de suas casas para habitar as nossas, os não menos peçonhentos escorpiões. Podem parecer belos, mas são venenosos.

Baratas, não têm estação, elas andam por aqui nos cantos, na escuridão da noite e, ao rápido cochilo, lá estão elas fuçando, adentrando nossas casas e se escondem debaixo dos sofás, armários, camas, cofres, e adoram uma cozinha. Mas essas cascudinhas andam fazendo de dia mesmo suas andanças, levantam asas e parecem até rosnar na mais leve aproximação já prevendo uma rápida esmagadela.

Quando em criança, eu pegava essas achatadas pelas antenas e jogava nos primos, enquanto eles vinham com coisas bem piores, achávamos graça. Porque depois de expô-las em plena luz do dia, nós riamos porque aquele bichinho tão pequeno causaria tanto pavor e alvoroço atropelado aos adultos (nós) mais tarde.

Nós nos divertíamos porque era a brincadeira de caça, inventada por nós, já que o pega-pega já estava enjoado e queríamos ver quem tinha coragem de pegar naqueles bichos horrorosos que viviam tão próximo de nós, que muitas vezes destruíam as plantinhas de nossos pais, tios ou avós e, tomavam o espaço de brincadeiras nosso de todo dia, logo depois, acabamos por descobrir outros lindos e amigáveis bichos que poderiam muito bem viver em nossos quintais com beleza e harmonia.

Mas, voltando aos peçonhentos, fiquei pensando na razão desses bichos estarem invadindo nosso território tão “impenetrável”, nós que somos seres tão “grandes” e “inteligentes”, mas é claro, já há algum tempo cantávamos “nós vamos invadir sua praia” e lá fomos nós, não só invadindo, mas destruindo o ecossistema sem dó nem reflexão.

Ainda controlávamos esses perigosos bichos mas parece que fomos todos alterando o comportamento e o meio até que eles viessem a tona nesses últimos verões.

Daqui a pouco, não saberemos mais onde é nossa casa e tão pouco o que faremos dela, Titânizando é ” o bicho escroto enfeitando nosso lar”, não sabemos cuidar do nosso meio ambiente tanto particular como universal, é entulho, é água parada, é água suja, é desperdício, é água

contaminada, é desmatamento, é matança, é lixo, é criança no lixo, é juventude na cova, é velho na vala, é o diabo e, na realidade é bem mais feio e cruel do se que pinta!

A essa hora do campeonato, nem mais vassourinha ou mata-mosquito resolve, nem chinelada neles. O quê, chinelo? Quem é que tem chinelo por aqui, eu hen, a gente nem usa isso, mal tem água pra beber, chinelo é luxo, tá ligado? Água, é caso sério meu irmão.

E nada, nadinha de Vigilância Ambiental.

Ninguém consegue viver bem assim, precisamos primeiro reconhecer os bichinhos nojentos e peçonhentos que estão vivendo em nossas casas, ou adormecidos ou os que já estão bem vivos infernizando nossas vidas, se alimentando de todo tipo de lixo que jogamos lá debaixo do nosso tapete, na calçada do vizinho, no quintal do parente, nas janelas de amigos, na casa dos outros, no Palácio Nacional.

Não precisa nem dizer que existem pessoas que sentem um prazerzinho em atos que alimentam esses miúdos hábitos nojentos de picar, ferir e lamber a ferida e algumas vezes levando até a morte.

A gente escolhe, ou vamos “chorar por ter despedaçado as flores que estão no canteiro” ou enquanto “o pulso ainda pulsa”, vamos caçar nossos bichos escrotos pessoais e assim, mudando nossas ações cotidianas incrivelmente simples e vitais.

Então, ao pavor que sentimos desses bichos perigosos, reanimemos nossos caçadores interiores que tanto admiramos quando criança nos contos de fada (pois estes já se viraram contra nós nas figuras de cães adestrados com e para violência mortal de nossas crianças), mas o caçador dos contos de fadas não só toma atitudes que domam, mantém longe e no lugar deles, esses bichos peçonhentos como todo dia mata um lobo (na floresta ou em casa) que o tempo todo vem com conversa mole tentando custear ou baratear nossas ações em detrimento de uma vida melhor, mais saudável, com discernimento, trabalhosa sim, mas decente.

Que nossos verões sejam épocas mais humanas!

Blog do Aluísio de Paula:

http://noticiaviva.zip.net

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 07/01/2007
Reeditado em 08/04/2009
Código do texto: T339507