COMO EM CONTOS DE FADAS!

À beira d’um riacho de águas cristalinas

Que beirava o belo e verde outeiro,

Morava um belo cantador e encantador cavaleiro,

que fazia palpitar os corações das meninas...

Ah! Como sonhavam as pequeninas

Com seu garboso seresteiro!

Também, no ponto mais alto da colina,

Onde nascia o belo riacho,

Cantava um pássaro, dono de um belo penacho,

E que fazia companhia a uma bela donzela...

Dizem que entre todas, era a mais bela menina!

Sonhava enquanto enchia d’água o seu vaso gamela!

Sonhava com seu príncipe encantado,

Que um dia viria montado em seu cavalo

e que a levaria a conhecer o mundo,

aquele além do horizonte, até ao mais afastado!

Ele seria feliz, porque muito ela iria amá-lo

Com o mais encantado amor profundo!

Uma noite, enquanto o cavaleiro cantava

Ia sonhando tudo que na melodia imaginava!

_ “Será onde vive quem o meu coração vai ganhar?”

- “Como será quem a minha vida vai alegrar?”

Um eco que cortava o silêncio, se fez ouvir

E um arrepio no corpo ele pode sentir...

O eco era d’um suspiro apaixonado,

Acompanhado por uma ave de canto afinado,

Num dueto de magias cortando a quietude!

Seu coração, sem saber por que, sentiu-se amado

E o seu ser tomou-se num angelitude

Fazendo seu coração vibrar em amplitude...

- “Que bela voz meus ouvidos ousam apurar!”

- “Não sabem eles que é perigoso ouvir canto d’uma fada?”

- “Não sabem eles que ela não pode ser desejada?”

Mas o canto trazia magias que chamava o amor,

Numa suavidade quase sussurrada

Que enchia-lhe de fascinação e ardor!!

O cavaleiro, tomado pelo desejo e fascínio

Partiu ao encontro da voz que já lhe exercia domínio!

- “Que loucura é essa meu coração?”

- “Por que explodes assim doido de emoção?”

- “Nem sabes ainda se lhe aguarda tão bela voz!”

- “Quem sabe errou o destino, o carteiro vento veloz!”

Mas o desejoso coração do cavaleiro

À colina acima foi subindo ligeiro...

E seu cavalo até parecia alado!!!

Seu coração sentia que era a sua amada,

A dona de tão bela voz delicada!

Estava ele por ela, talvez, enfeitiçado!!!

A menina que sonhava com o amor chegando,

Que cantava e encantava a natureza,

Sentia o amor vindo, com certeza!

- “Meu coração se inquieta, o amor já vem! Quando?”

- “Tenhas calma santuário do meu amor! Sejas brando!”

- “Vamos apenas cantar para guiá-lo nessa vasteza!”

O coração então se abrandou

e a menina voltou a cantar...

Seu canto de novo voou

Nos braços do vento condutor,

Própria personificação do amor!

Levava o canto a quem a menina iria afortunar!

Quanto mais o cavaleiro subia a colina,

Mais alto escutava a melodia divina!!

- “Continue seguindo a voz do amor, coração!”

- “Tão próximo está, que o meu ser levita”!

Tão apaixonado que seu coração ardente palpita!

E todo o seu ser transpira afeição!

O despertar de um grande amor,

Acende a luz da solidão...

O tempo esperado dura um segundo

E a vida de repente tem mais sabor...

Desejo d’amor vira condão,

Se ele é amor profundo!

E o belo cavaleiro ao topo da colina chegou.

Seus olhos passearam rápidos pela bela paisagem

E pousaram na figura da donzela tão amada!

- “És tu o amor que me chama, que em meu coração pousou...”

A doce menina com face rubra deixou o vaso cair na passagem

E olhava o seu cavaleiro completamente encantada!!!

- “Escutastes o meu coração, como em outras eras...

Ele perturbou-se antes da primavera,

Senti então que o amor estava tão próximo...”!

O cavaleiro extasiado pensava que tudo eram quimeras:

- “Estou sonhando!? Oh, Deus! Aqui termina a minha espera”!

A natureza celebrou aquele encontro ‘reapróximo’!

Ouviram-se orquestras de pássaros e folhagens,

O chuá do riacho era melodia de amor,

O vento ia levando os sons por todas as paragens...

O Sol que havia dormido acordou e a noite se fez candor!

Todo universo festejava o amor que aconteceu

O amor de todos os tempos, pois que nunca morreu!

Almas gêmeas que se reconhecem

E que sendo assim, a felicidades merecem...

E ali, às margem do riacho, ponto dessa espera

Tem-se fim uma saudade que o tempo não altera!!!

Vidas que se completam

E então, se aquietam.....

- “Meu coração que te ama, doce amada,

Que não se sabe o princípio e nem o fim

Dessa força maior que une nossa caminhada,

Que mais uma vez quer viver em teus braços,

Envolto no entrelace de nossos abraços!!”

Assim, [de joelhos] o jovem cavaleiro declara seu amor sem fim...

A moça, estando com o seu coração agora em paz,

Envolve as mãos delicadamente à face do rapaz

E com carinho, vai levantando o amado...

- “És tu a alegria que me voltas,

És tu, eterno, que traz-me essa paz que me envoltas...

Que fogueia esse meu coração apaixonado!”

Os amantes já abraçados selam o momento encantado...

...O dia já clareando encontrou os dois ainda namorando...

O amor dos dois é muito mais que um nó atado,

é fortaleza dentro do tempo que vai passando...

Não desata, pois que é caso consumado...

Não morre, pois que ’nos tempos’ vão se encontrando....

A notícia correu por todos os vilarejos:

- “O moço da colina está namorando...”

A moçada triste estava chorando...

- “Lá se foram os nossos desejos!”

- “O coração de nosso garboso cavaleiro está amando!”

Onde houvesse moças, escutavam-se lamentos e rumorejos!

O belo cavaleiro não se deixava envolver com esses assédios.

Não passava tudo de fogo das moças casamenteiras

[E ele já aguardava, de alguma forma, a sua amada...]

Para seduzi-lo, elas simulavam-se de todas as maneiras,

Aproximavam-se usando de todos os intermédios...

Mas nenhuma delas valia o sonho de uma vida esmerada!

No dia do casamento, ouve uma festa das mais belas!

Tudo ornado com flores vermelhas, azuis, brancas, amarelas...

A jovem amada foi a mais bela noiva vista, até então

Que deixou o moço mais apaixonado, num encantado coração!

A menina feliz, não conseguia esconder a sua felicidade...

E sempre juntinhos, foram felizes por toda eternidade...!!!