A Carta

Escrevo para você perdida na solidão...

Sem perceber que a noite se fez e a escuridão inundou o céu onde as estrelas reluzem, indiferentes aos olhares de encantamento.

Sem perceber a flor de manacá que murchou e despetalou-se aos meus pés.

Sem perceber a dor que brota aos borbotões da alma macerada num vermelho inventado pelo desconsolo.

Sem sequer notar que voltei à ilha que você plantou em meu coração,

Onde os ecos se repetem

Como pensamentos fugidios

Onde o silêncio jorra como agua pura

E saudade é nome de borboleta

Onde seu olhar vagueia atônito

Em busca de meu sorriso

Onde plantamos juntos

Todas as açucenas

E procuro nos fachos de luz que teimam em atravessar a janela, o que restou de nosso sonho.

E navego nas águas cansadas das explicações sem eco, perdidas, incompreendidas.

Escrevo para você, no balançar das ondas das últimas esperanças, lutando contra o nevoeiro onde escondem-se de mim.

E de onde posso ver seu barco partindo...

O derradeiro adeus...

As promessas afogadas...

As estrelas no seu olhar...

O sol brilhando nas suas mãos em concha...

A saudade que para sempre me habitará.

Olho os canteiros de açucenas que um dia plantamos no fundo do mar...

E sussuro seu nome pela última vez...

Aziul
Enviado por Aziul em 11/12/2011
Reeditado em 11/12/2011
Código do texto: T3384002
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