PENÚRIA
Quero me fustigar dessas penas.
Fazer do beijo não dado
O beijo não desejado.
Que suas mãos ausentes
Não sejam assim tão sentidas.
Que a caminhada não feita,
Não seja a que deveria ter sido.
Que o canto de luz e de despertar
Que vem junto com o sol
Não me pegue abandonado
Sobre nossos lençóis chorosos.
Que o amor não me pegue
Sentindo enormemente sua falta.
Que as visões que tenho
Se clareiem diante de uma calma cotidiana.
Que a morte seja ascensão
E que a vida me seja tênue e breve
E sátira e poética com literatura de cordel.