DIFERENÇAS
Ouço música.
Melodia que nasce de bocas “diversas”.
Bocas que falam e não vêem,
que emitem surdos-sons de alma risonha.
Corpos cantantes que, em movimentos encurtados, lutam para bailar.
E bailam ao sabor de seu querer.
A platéia atenta assiste
a doce dança em cena.
Nos olhos de todos
um oceano transborda.
É o humano de cada um que chora.
Não só pelos intrépidos artistas, mas por nós
e nossas mazelas internas,
preconceitos e limitações.
Também choro.
Choro contido, escondido...
Meu incompleto ser diz-me de deficiências veladas que carrego.
De meus “aleijos” e amputações de valores.
A alma chora oceanos!
E neste fluxo intermitente navego,
pelas ondas revoltas dos mares abertos, meus.
Enquanto a mão pertinaz,
em sôfrega freqüência,
seca as lágrimas de meu pesar...