Apenas Um Abraço
Vestiu-se de rendas e sedas, o melhor dos espartilhos, salto alto, charme e brilhos.
Visitou tanto o espelho que saiu desfigurada com a máscara inventada.
Olhos de negro pintados, maquiagem exagerada, boca vermelho encarnado.
Exagerou nos acessórios queria de qualquer modo ocultar o purgatório.
Um longo casaco escuro rebordado de vidrilho deu o toque final para a fêmea fatal.
Carecia só de colo, mais sem que se apercebesse se viu deitada no solo envolta na solidão.
Entregou-se na agonia não resistiu ao cansaço.
Servil serviu sem querer , sem ao menos conhecer.
Com a alma em estilhaços, tomou o caminho de volta, trancou-se na cela da dor...
Encontrou-se com o espelho viu um mosaico barato, que nem de longe lembrava o cubismo de Picasso.
Duas lágrimas rolaram desmontando a fantasia...só queria um abraço....
(Ana Stoppa)