O HOMEM DE MIL FACES
O homem de mil faces se desnuda em uma,
E nessa apresentação se exibe por inteiro
E se reconhece como um.
O um corporificado sem meios termos,
Sem modos educados,
O um, assim,
Puro sensível,
Poético,
E nada mais.
Emancipado das regras sociais e socializantes,
Regras codificadas mesmo que não escritas,
Regras assimiladas e que se efetivam porque incorporam.
O estranho,
O sujo,
O rebelde,
O que se mostra às caras
Deve ser descartado,
Colocado no sótão ou no porão.
Não importa,
Desde que não fique às vistas.
Assim é e assim deverá sempre ser,
É a regra dominante,
A regra que escraviza,
A regra que acorrenta sentimentos
A regra vil dos donos do poder,
Dos usurpadores,
Dos assassinos no poder.
O homem de mil faces,
Emancipado e nobre e povo,
Não teme a morte,
Luta por uma vida mais equânime
E caminha a brados pulmões,
E canta o canto da liberdade.
O homem de mil faces,
É o homem do povo, é povo no homem.