Capitalista disfarçado de Comunista
Calvo e sóbrio andava assim. Sem pressa...
Questionava tudo com retórica e dialética
Por muitas vezes me pareceu mais um político corpulento
Carregando sua maleta 007 de espião brazuca
Daqueles que são reeleitos porque a lábia é boa.
Cultua arte clássica e deseja ser possuidor de obras,
Das mais barrocas e puritanas, desenhadas
Com pedra-sabão e banhadas com verniz
Até singelas e contemporâneas crias modernistas
De Anita, Kandisnki, Tarsilla e Segall
Realmente era notável... Como não notar?
Elegância no andar. Conversa imponente.
Dizia: “Sou homem de lugar nenhum
Viajo com aviões, embarcações e drogas
Leio muito meu jovem. Informação é poder! Crê?
Crês nisso? Meu maior compromisso é não ter juízo.
Apenas com as palavras. Elas matam sem balas.
São armas apontadas!”
És homem de Direito? “Magistrado” Hummmm....
Fala com autoridade, sem malicia, poucos gestos.
Endireita o terno. Folga o nó da gravata e questiona:
“Outro cappucino jornalista?”
Aceito e permaneço escrevendo mentalmente seu perfil.
Olhar fixo, consegue expressar sua angústia.
O passado corrompido pelo ex-chefe
“Meu antigo patrão, era um comunista!”
Como assim? O que quis dizer?
“Eu sou um capitalista influenciado pelo Marx”
Compreensível. Porém qual era o fato?
“Foi Zé, foi... Hoje o fato é que sou uma farsa”
Ok farsante, és um pseudo-comunista-liberal
“Não gosto de rótulos, mas esse até que me caiu bem”
E é jogando as palavras que nasce um novo refrão:
Adora a internacional, mas não vive sem o Capital