Ninho de Noias

I

Somos muitos noias

No ninho da cana

O doce nectar da vara

Que adocica a boca

Depois de processada

Embriaga nossos sentidos

II

Somos muitos noias

Cher Jean-Paul Sartre

Hoje, quer onde se vá

Só se vê carro, soja e cana

Será furacão sobre Cuba

Agora, aqui no Brasil?

III

Viajar por estradas aqui é vara ardida

Alimentar o vício do sonho Corpersucar

É pois, na terra da cana quase impossível

O destilado que entorpece a caranga

Que brota da terra, vira alcool e açucar

Como pode custar o olho da vara?

IV

Automóveis a preço de xepa em final de feira

Contrasenso ou caso pensado de governos

Para engarrafar noias em financeiras,

Sufoca-los no transito caótico das metrópoles,

Sevicia-los com pedágios, zona azul, industria de multas

Move-los ao consumo da cana e de carburant d'or du Petrobrás

V

Sinto-me mal no ninho canarinho

Não quero compartilhar desta embriaguez

Embora faça parte deste grande ninho de noias

Sempre que posso descarrego meu balde de fel

Trocando em miúdos é atravéz das palavras

que destilo em vara amarga meu nectar.

Hermes Machado
Enviado por Hermes Machado em 30/11/2011
Reeditado em 24/05/2012
Código do texto: T3365092
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