Re_tornando
Alcanço a caneta,
Corro contra o tempo,
Atrás da avidez,
O verbo virá outra vez?
Perco-me do medo,
Enrosco-me num canto qualquer,
Encosto,
Papel e lápis, magia da escrita,
Teriam alma as palavras?
Não, quem vai dizer?
Nem penso em saber,
Só quero o sangue e a cor do escrever,
E conseguir dizer, transparecer...
Agora, jogo ao léu o papel,
Abro depressa uma página,
Word, quem sabe “my wolrd”,
Teclo sem imposições,
Deixo o pensar transcorrer,
O tempo decorre,
Deslizam idéias,
Segredos...
São quase panfletos de mim.
A unha atrapalha,
A vista embaralha,
As cartas são postas na mesa,
E vem chegando em desatino,
E vem se pondo em compressão,
Um rolo de letras querendo ir...
Tudo que ainda há por vir,
Porvir...
Qual música soando,
Um tango ou bolero a tocar,
Naufragando em romântica ilusão,
Em passos, em voltas,
Em vermelho, carmins,
Em sons que entontecem,
Vertiginosos,
Bandolins...
Danço entre tantas letras, palavras soltas,
Secas,
Outonais,
Rodopio, giro,
E de repente,
Num átimo somente,
Mudam sutilmente as cores,
Quase se vão as dores,
Serenando o claustro da solidão...
Sou eu que volto veloz,
Arfante, desenfreada,
Loucura desatinada,
Pela saudade marcada,
Com as letras embargada,
Digo tudo, e digo nada,
Por tanto tempo apagada,
A letra, outrora, silenciada,
Faz-me festa na chegada...
Então recomeço, alentada,
Porque pelo verbo,
Palavra,
Escrita,
Verso,
Poeticamente dizendo,
Sou...
Completamente,
Apaixonada...