Das muitas vidas que tive, a única que valeu a pena começou a quatro décadas.
Quando nasci, tinha por volta de vinte a vinte a um anos.
Tive um sentimento estranho, indefinido, dolorido, gostoso.
Era a antítese de tudo, do bom, do ruim.
Eu a conheci.
Você era uma moça comum, como todas as outras com qualidades sim, mas iguais a todas. Então houve um Start.
Uma pequena luz acendeu dentro de mim.
Você passou a ser interessante, tudo que falava era de suma importância, poderia ficar horas ouvindo-a.
Depois houve o relacionamento amigável, freqüente, diário.
Até que houve o toque, o aperto de mãos, a eletricidade e depois o beijo.
A prisão, o pássaro engaiolado, feliz, esperando o tratador com o alpiste, água.
Assim é a vida deste velho rei, que teve quatro princesas, que tiveram seus príncipes, que também tiveram príncipes e princesas.
E o velho rei, um ancião que briga com um príncipe de oito anos por causa de um lugar no sofá, um espaço na cama onde deitam os dois para contar histórias, ou quando ouve o príncipe fazer reclamações de maus tratos da mãe que é uma megera e maltrata a pobre e infeliz criança.
Ou a rainha má, que não quer dar chocolate à pobre princesinha antes da refeição.
E o velho rei, ri e chora emocionado com a novela da vida.
Obrigado Senhor Jesus, não mereço tanta felicidade, espero no futuro que sei será pequeno, possa eu pagar de alguma forma tantas bênçãos.
Por que rei?
Porque acho que nem um rei é tão feliz.
Velho?
Bem isto é segredo.
OripêMachado.