UM DIA DE MADRUGADA...
Sofri de insônia àquela noite. Meus pensamentos viajantes não encontravam lugar tranqüilo para aterrissar. Decido sair da cama, confusa, saio para o terraço e olho a noite. Era madrugada: (01h47). Do portão dá para ver a Praça, suas palmeiras, os bancos, testemunhas de repetidos encontros. Espaço-mor de conversas afiadas ou desafinadas. Palco de inúmeras juras de amor, após troca de doces beijos que, reacendem ardentes desejos. A Praça, agora está deserta, incompleta, estática, melancólica, inanimada, sem ventos, sem gente... De repente, quatro meninos surgem, com seus pés sujos, estão descalços. Um deles, o menorzinho segura uma bola como se fosse um troféu. Estão felizes como quem vai à escola ou... como quem ia para a escola, “aprender coisas novas”. Hoje não é mais assim, pelo menos não é a regra. Por alguns instantes reluto em acreditar naquele tumulto. Confiro a hora: (02:h00). Os meninos dão vida à Praça. Jogam bola na maior graça. É tudo como se fosse um campeonato. Regras estabelecidas e obedecidas. Só não pensam no futuro, nem em lugar seguro. Sem ver o tempo que passa. Minha insônia encontra a razão perfeita para continuar grudada em mim. Permaneço junto ao portão. Quero observá-los até irem para suas casas. Tenho medo que algo lhes aconteça. Na rua não há nenhum guarda no momento... Volto a ser menina, também descalça. Sou uma torcedora no time dos meninos da Praça. Arrisco alguns chutes para atrapalhar. Me vejo quase a gritar: “Vai que é tua...!”Meus pensamentos revoltos com aquela situação, amadurecem, mas não esquecem de pensar e detestar a irresponsabilidade dos adultos nesse mundo confuso. Perdi o sono, de vez. Continuo a “vigiá-los”. Tenho vontade de trazê-los para minha casa. Sempre tive vontade de ser mãe adotiva. Mas, àquela hora... o que mais me preocupava era a ausência dos olhos dos pais. Na rua, nenhum adulto, nem guarda, nem nada!
Isis Dumont
Sofri de insônia àquela noite. Meus pensamentos viajantes não encontravam lugar tranqüilo para aterrissar. Decido sair da cama, confusa, saio para o terraço e olho a noite. Era madrugada: (01h47). Do portão dá para ver a Praça, suas palmeiras, os bancos, testemunhas de repetidos encontros. Espaço-mor de conversas afiadas ou desafinadas. Palco de inúmeras juras de amor, após troca de doces beijos que, reacendem ardentes desejos. A Praça, agora está deserta, incompleta, estática, melancólica, inanimada, sem ventos, sem gente... De repente, quatro meninos surgem, com seus pés sujos, estão descalços. Um deles, o menorzinho segura uma bola como se fosse um troféu. Estão felizes como quem vai à escola ou... como quem ia para a escola, “aprender coisas novas”. Hoje não é mais assim, pelo menos não é a regra. Por alguns instantes reluto em acreditar naquele tumulto. Confiro a hora: (02:h00). Os meninos dão vida à Praça. Jogam bola na maior graça. É tudo como se fosse um campeonato. Regras estabelecidas e obedecidas. Só não pensam no futuro, nem em lugar seguro. Sem ver o tempo que passa. Minha insônia encontra a razão perfeita para continuar grudada em mim. Permaneço junto ao portão. Quero observá-los até irem para suas casas. Tenho medo que algo lhes aconteça. Na rua não há nenhum guarda no momento... Volto a ser menina, também descalça. Sou uma torcedora no time dos meninos da Praça. Arrisco alguns chutes para atrapalhar. Me vejo quase a gritar: “Vai que é tua...!”Meus pensamentos revoltos com aquela situação, amadurecem, mas não esquecem de pensar e detestar a irresponsabilidade dos adultos nesse mundo confuso. Perdi o sono, de vez. Continuo a “vigiá-los”. Tenho vontade de trazê-los para minha casa. Sempre tive vontade de ser mãe adotiva. Mas, àquela hora... o que mais me preocupava era a ausência dos olhos dos pais. Na rua, nenhum adulto, nem guarda, nem nada!
Isis Dumont