tMADRUGADA DE SAUDADES
 
Adiantada é a hora nesta madrugada de verão, a minha alma solitária e saudosa, cavalga perdida no lombo do zéfiro fresco desta estação.
Encontro-me só, as estrelas da madrugada me expiam à distância, e a minha amada mora ao alcance das minhas vistas.
A lua, essa vaca sideral, derrama o seu leite de estanho frio sobre a floresta quieta e escura.
De vez em quando, uma ave noturna voa perdida na escuridão, emitindo num vôo rasante o seu grito fúnebre e medonho.
O farfalhar das folhas secas, imitam o rastejar de um felino caçador nesta madrugada.
Longe, ouve-se o grito de um boêmio vagabundo, perdido e sem rumo, numa madrugada mais perdida ainda.
Nesse instante, solitário e triste, baila no palco da minha mente, o fantasma virtual da mulher que foi muito amada ontem.
Ainda guardo comigo o seu perfume embriagante, pois a mulher amada, sempre anda aspergida e envolta por um aroma tentador.
Nada me consola neste ermo cheio de lembranças, a mulher que foi muito amada, deixou sem querer, indeléveis vestígios em mim.
Agora que já começa clarear o dia, eu vou procurá-la, na casa da dona Rola, para dizer-lhe do meu amor e das minhas saudades.
Sabidamente ela me envolverá em seus braços e me arrastará para a sua cama, onde, perdidamente, me oferecerá a sua castanha despenteada.
 
Obs. Rola é uma senhora já falecida, que dizem aparecer como fantasma na casa onde mora a minha amada.