A MARCHA
Nem as colunas de Hodes
Suportarão a marcha com que chegas
De longe se vê, não um oásis no deserto,
Mas a caminhada certa e decidida a avançar.
De longe se vê silhuetas indecifráveis,
Mas já mais próxima nada a poderá negar,
É o povo pronto a romper os desmandos
Outrora impostos a golpes de faca e machado.
Ó África sofrida
África que lhe arrancaram seus filhos.
Seu solo banhado de sangue
Agoniza
E a terra já não retribui o alimento plantado.
África, minha querida
Sois a nação que me destes meus antepassados.
Sou preto, branco, nordestino ou o que seja,
Mas sei que sou dessa gente
A mistura que me apresento, sou brasileiro.
A caminhada é longa e nada tranquila
Outrora se explorava sob o nefasto comércio de escravos
E a mãe África chorava o filho capturado.
E se novos tempos trazem novas formas e pensamentos,
Não demorou, e a paga já se faz por salário aviltado.
E novos escravos acorreram ao novo patrão
E a princesa já não assinará a carta libertadora,
Só nos resta avançar e romper novos grilhões
E implodir essa coluna de Hodes que o é sistema
Que explora maquiado por promessas de progresso.