Meus rios

Hoje o amor absoluto e a dor mais fatal se encontram em mim
Eu me sinto um mar onde dois rios caudalosos deságuam ferozes
Este rio de amor, que em mim deságua em sua totalidade, me eleva ao céu
Este rio de dor, quem em mim deságua em lágrimas, me condena ao inferno
Uma alegria profunda me invade de tal maneira que nela me encontro
Uma tristeza profunda me arrebata num terror em que me desconheço
E por salvação me reparto em comportas que seriam absurdas se não fossem em mim
Este antagonismo em que me vejo me salva e me aprisiona em eternidades
Descubro em mim a possibilidade real de repartir-me e encontrar-me inteira
A calma e o desespero coexistem em mim de forma pacificamente singular
Esta pluralidade que há em mim salva-me de um dia após o outro
Vivo plenamente o amor e sobrevivo ao horror em doses tão mínimas quanto posso


27.02.11

In memoriam; os dois rios morreram.