PORQUE ESCREVO EM 1ª PESSOA
A grande maioria dos meus escritos está na 1ª pessoa. Esta é uma das características dos poetas líricos, o que talvez eu seja. Sei que escrever na 1ª pessoa nos expõe mais do que o desejável, mas, admito, não me incomodo com me expor, tomando, é claro, o cuidado de não entrar em detalhes claramente específicos sobre a minha vida pessoal e, principalmente, o cuidado de não expor outras pessoas nos meus escritos. De todo modo, a razão principal para que eu escreva em 1ª pessoa é que, o que quer que eu escreva, em 1ª pessoa adquire um tom individual, particular, relativo, o que corresponde ao que penso: Não creio em verdades absolutas, em princípios que sirvam, obrigatoriamente, para todos e para cada um. As nossas verdades individuais até podem servir ao Todo, mas, são verdades parciais, relativas,sempre a partir de determinado ponto de vista sobre o real; por serem relativas, abertas a contestações.
Não é fácil viver assim, é terrivelmente marginalizante, porque eu não sou um ser de certezas, em um mundo em que seres sem certezas são muitas vezes incômodos e não cabem muito bem em lugar nenhum neste mundo. Infelizmente, é assim que eu sou, e até dizer isso me é difícil: Eu sou alguma coisa? Tenho, realmente, nenhuma certeza disso.
Na noite de 22 de novembro de 2011.