EDIFÍCIL ZERO
A vida é cheia de certas coisas minunciosas.
Chega uma hora em que você olha para o edifícil de tudo aquilo que você batalhou para erguer, de tudo aquilo que você deu suor e sangue equivalentes para construir e então repara que está todo em pedaços, que cedeu como se fosse num tremor sísmico de mil graus da escala richter.
O que resta é apenas concreto duro, asfalto partido, vergalhões de ferro puro e dureza, muita dureza. O que era macilento agora é pó cinza. A casa caiu: água morro abaixo, fogo morro acima.
“Dá pra reconstruir aproveitando esta parede e esta também. Assim gastaremos menos”, dizem a você.
Mas às vezes seria muito melhor botar tudo abaixo de uma única vez! Terminar de destruir os escombros que talvez futuramente gerarão trincas e fendas no edificio novo que tentarás construir, começar tudo do ZERO.
Aliás, o zero é um número muito mais interessante do que se imagina. Ele é morte e nascimento, sim e não, tende ao infinito e não se divide.
As vezes eu agradeço por ser este zero à esquerda.