A pena que sangra

Nesta noite, a alma do poeta me abandonou, as luzes se apagaram mais cedo, o ar está parado , e meus devaneios se desvanecem.. um a um como o espírito que foge do corpo e vaga sem rumo ,buscando pela paz.

Na escrivaninha uma pena pende do tinteiro caindo sobre uma folha amarelada que há anos está ali, é como se ela adquirisse pensamento próprio ou estivesse sendo guiada por uma força sobrenatural ,a tinta já não era mais negra , era rubra, era sangue, era desabafo !

Um grito do além personificado, transformado em dor , em desilusão , em frase , em verso , em letras deformadas , borradas por lágrimas.

Que visão é essa? ó essa é a visão da minha própria vida,palavras inventadas, substitutas temporárias para sentimentos inertes, que ganham sentido apenas ponta de uma pena, uma pena que sangra, a cada capítulo escrito, que sabe que ao terminar a página e fechar o livro tudo estará acabado, não haverá mais mentiras, não haverá mais máscaras , e nenhum personagem irá tomar a minha dor, todos estão lá trancados no livro,dessa vez não haverá "felizes para sempre" , e a história não conterá nenhuma "Moral".

Que os ventos soprem, e que o outono chegue, ano após ano estação após estação e a pena ainda estará lá fazendo seu papel ... nem a morte , nem o tempo podem apagar as dores de uma alma, que se apossa de uma pena sempre a sangrar, sempre a sangrar...

Corvo de Poe
Enviado por Corvo de Poe em 20/11/2011
Reeditado em 03/03/2012
Código do texto: T3345921
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