<<< DO CORPO E DA ALMA >>>

Não há traçado

sobre o silêncio da noite.

Nem a língua dos sábios.

nem o fascínio dos céus.

Carrego a algum lugar

essa rota de evocações.

Montanhista de vales profundos,

escalando, em túnica de flores mortas

até que a carne seja suficientemente

verde, para reflorescê-las no cume da alma.

Absurdamente escrevo, e revezo

os pés dentro da lei inexorável

do destino, para permitir-me chegar

sem as ausências que me desliquibraram.

Ao longo do caminho.

as nuvens como alimento.

O olhar, talvez, em monástico tormento,

ascende, ascende devagarinho.

Uma parte de mim leva os sonhos,

flores nômades nos beirais dos abismos.

E me farei cedo, para ver o novo dia nascer,

depois do esvaecer de todas as luas,

depois dos espasmos de todas as estrelas,

para voar, além do sono do pensamento,

e não precisar mais lutar

contra o próprio olhar

que, misteriosamente,

precisou entrevar

para amanhecer.

(Direitos autorais reservados).