ENTARDECER
Um dia eu hei de acordar,
Com o perfume das flores, com o olhar da lua, terno a me fitar
Um campo florido tão longe, devagar caminhar
cabelos revoltos, ao vento desenham açucena
O seio arfante, contornos das ondas do mar
Devagar, com pés descalços eu hei de trilhar
o sol dos teus olhos, copa altiva de árvore frondosa
berço que embala e acolhe
o canto dos pássaros, o gemido do vento, o sussurro da noite...
Neste caminho os pés nao ferem nem a voz embarga
Ouve-se apenas o farfalhar das vestes, adornadas com pérolas
Cristais reluzentes a entoar arco-iris
emolduram o corpo de lava incandescente,
adornam os lábios róseos como corais encravados no mais profundo mar...
Num céu coberto de pétalas brancas que se abrem e voam
povoam sentimentos, retratos do que se foi e não vivi...
Cerra a cortina dos olhos as muitas águas... Empalidece a tarde o tom amarelado de um sol que se põe, rendendo-se à longa espera dos dias dourados, ilusão bucólica de sonhos juvenis...