Dita metade

09.01.85

Elegi-te a senhora de meus devaneios, dona do meu abraço,

Personificação coerente do meu desejo em forma ativa,

Envolvida em meu corpo, presa pela rodilha de meu laço,

Amante e companheira, contorno imutável, participativa,

És a minha realidade ligando um sentimento alvo, inviolável,

Que transcende histórias em lendas nas poesias mais eternas,

Em nosso enredo escrevo a canção singela e interminável,

Atrelada ao sossego que transforma o dia em noites ternas,

Meus olhos te desnudam nos sentidos implícitos e estimulados,

O pensamento acaricia teu corpo virgem de preconceitos,

Meus devaneios tocam teus lábios sedentos e adocicados,

Na mais franqueada versão, no frêmito de teus preceitos.

Ao abrolhar do sol és o meu tudo no que de bonito vejo,

Quando estou só com meus sentidos, teu corpo pulcro eu enlaço,

Parte fluente consagrada em mim, em todo e qualquer ensejo,

Fazendo do teu abrigo minha constância, o meu regaço,

Afogo-me nos teus poros, asfixio-me no torpor picante da paixão,

Desenvolvo-me nos delírios dos versos nos tornando só um,

Entalhando a poesia como antes na tentadora ternura da mão,

Provocando a sensualidade inebriante, responsável, comum,

És a senhora das minhas cumplicidades, elite, afeto natural,

O melhor dos meus vícios, a melhor das minhas expressões,

A vida que circula minha alma, consonância em idolatria astral,

Esculpindo encantos, acendendo a brasa em nossos corações!

Amaro Larroza
Enviado por Amaro Larroza em 18/11/2011
Reeditado em 19/11/2011
Código do texto: T3342971
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.