Dita metade
09.01.85
Elegi-te a senhora de meus devaneios, dona do meu abraço,
Personificação coerente do meu desejo em forma ativa,
Envolvida em meu corpo, presa pela rodilha de meu laço,
Amante e companheira, contorno imutável, participativa,
És a minha realidade ligando um sentimento alvo, inviolável,
Que transcende histórias em lendas nas poesias mais eternas,
Em nosso enredo escrevo a canção singela e interminável,
Atrelada ao sossego que transforma o dia em noites ternas,
Meus olhos te desnudam nos sentidos implícitos e estimulados,
O pensamento acaricia teu corpo virgem de preconceitos,
Meus devaneios tocam teus lábios sedentos e adocicados,
Na mais franqueada versão, no frêmito de teus preceitos.
Ao abrolhar do sol és o meu tudo no que de bonito vejo,
Quando estou só com meus sentidos, teu corpo pulcro eu enlaço,
Parte fluente consagrada em mim, em todo e qualquer ensejo,
Fazendo do teu abrigo minha constância, o meu regaço,
Afogo-me nos teus poros, asfixio-me no torpor picante da paixão,
Desenvolvo-me nos delírios dos versos nos tornando só um,
Entalhando a poesia como antes na tentadora ternura da mão,
Provocando a sensualidade inebriante, responsável, comum,
És a senhora das minhas cumplicidades, elite, afeto natural,
O melhor dos meus vícios, a melhor das minhas expressões,
A vida que circula minha alma, consonância em idolatria astral,
Esculpindo encantos, acendendo a brasa em nossos corações!