loucura...a minha sustentação
um irracional entorpecimento me consome...
parece que a loucura natural
sucumbiu-me da vontade de ser..
não sei onde me encontro...
vou desaparecer...
nem sei onde me encontrar...
ah! vida! aonde te buscar ?
procuro-a em, desesperadora, agonia
onde se encontra a graça de existir?
porque essa angústia injusta bloqueia
qualquer vestígio de alegria
perdi-me na distância do horizonte
... perdi-me da fonte
quando algo novo
vem amenizar esse suplício
dura pouco..ou, quase, nada
e...continua o sacrifício
o ontem parece querer me trucidar
o hoje luta pra me salvaguardar
enquanto o amanhã espera o acontecer
e dessa, angustiante, luta sangrenta
deixaram, no meu corpo,as marcas do sofrer
e a alma, já, não mais agüenta
não suporta mais, tanta espera sedenta
a loucura me abandonou
deixando-me vulnerável
sentindo-me sem sustentação
mas... quem me dera ...
que ela me prestasse atenção
quem me dera que ela soubesse aonde estou
faria-me companhia....
sem ela nada sou
ou sou um nada todo dia
quero estar louca por viver
preciso, urgente, encontrar-me ...
devaneio entre as sombras
sombras rarefeitas ... imperfeitas
imperfeitas da loucura que se foi
abandonada nessa estranha incoerência
continuo a jornada, interminável, em turbulência
a dor rasga o meu peito, sem dó
loucura...venha ! ...
não me largue desprotegida...tão só! ...
você é a “razão” que me complementa
sem você, loucura, a dor fomenta
o meu espírito padece...
o meu corpo sucumbe...
toda a aura de luz se desfaz
e essa sensação de estar perdida no ar
afirma que sem vida...não vivo!...
não vivo !...nunca mais!...
suplico, ó deuses, façam
que essa loucura, sã, possa voltar
para oxigênio eu respirar
ó deuses e deusas
dessa profunda dimensão fenomenal
por favor, ouçam ... sintam...
perceba o meu desespero fatal
estou só...desabitada de mim
encarcerada nas malhas, cruéis, da impotência
amargando, inexplicavelmente,
tamanha infame solidão mortal
ó céus... necessito, enfim
da louca loucura dessa existência