JÚBILO GRAVITACIONAL
Perdi-me nesse júbilo gravitacional do nosso amor, desfazendo as malas do passar dos dias, sobre a nossa cama de sexo, carinho e conversas aleatórias, quando meu pé desliza pelo teu, num carinho calmo e contínuo, o roçar da minha pele a tua como beijos apaixonados em meio à noite chuvosa, enquanto todo o mundo lá fora espera uma encenação do nosso melhor amor, nos guardamos aqui em silêncio, sendo balão de hélio em nosso próprio céu de recordações, fulgência de paixões ardentes que queimam os olhos, marcam nossos corpos com o símbolo do bom casamento: minha alma na sua, e o vento, o tempo, o ser, em favor das nossas juras. Esses segredos embalsamados em tua boca de menina, em teu cheiro de gardênia, em tua pele de cachoeira, vão, aos poucos, misturando com nossos doces gemidos entre a escuridão clara da noite sobressaltada aos olhos de quem se ama, compondo canções de ninar que irão embalar nossos sonhos (realizações futuras), nessa rota ao redor do seu (meu) planeta de certeza, nessas cápsulas lunares que despedaçam sempre que amanhecemos em silêncio rendidos pelas horas de amor incontestável, como se a cada penetração assinássemos um tratado de poucas ilhas, nossos frutos, vigilância de amor seguro, eternizado nessas caricaturas divertidas das memórias que temos; dos romances perdidos que deixamos sobre o tapete da porta de entrada da nossa casa – mansão dos nossos desejos.
Sem pedido de socorro, naufragamos diariamente nessas correntezas que me levam a ti, lhe trazem a mim, dormindo em grutas de gozos banhados pelo sal do mar, o sabor da terra, a vertigem dos peixes em nosso aquário livre. Você, eu e o abismo, abençoados pelos voos das aves de rapina, pelos canários da mata virgem, o bailar das folhas de outono em nossa trilha de chão batido pelos nossos pés que não se cansam de dançar a mesma valsa composta por corações decididos a amar além das fronteiras, dos contos de fadas, dos romances bucólicos. Perdermo-nos assim, nesse manancial de segredos amorosos compartilhados com almas poéticas que tecem a nossa própria história.
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