Deixa falar a paixão

Não sabia distinguir aquela voz que lhe susurrava ao ouvido: ela te ama e tudo que tu pensaste em dizer quando a encontrasse seria desnecessário ou complementar, ela estando em condições similares a ti, não havia ainda encontrado maneira de te poder falar, mas aquela voz, que gostava de uma prosa, garantia do alto da tua cabeça: ela compartilha do mesmo sentimento, ela não iria mudar ainda que já houvesse passado aquele tempo todo.

Parou para pensar. Mas que voz era aquela tão peremptória e que atropelava o passado e não tomava conhecimento do presente e nem se importava com o futuro? Por eliminação descartou a voz da experiência, aquela voz era algo pueril, ou melhor definindo: aquela voz era uma voz adolescente. Não era a voz de Deus, nem do Inimigo. A voz da consciência que não era. Não era nenhuma voz do além, ele não acreditava nessas coisas. Era (quem irá saber?) a voz da loucura, da paixão patológica, do amor sem tempo nem espaço para acontecer.

Adriano Flores dos Santos
Enviado por Adriano Flores dos Santos em 16/11/2011
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