Esquina da Memória
Para A. A.
Talvez fossem poucos os lamentos na esquina da memória, aquela esquina onde ventos e chuvas tanto choraram e onde raios de sol e pequeninas flores cantaram. Por aqueles esquecidos passos que já não existem, aqueles dias que são como a névoa na esquina da memória, aqueles risos sinceros que se desfizeram como frágeis teias de aranha e com os olhos tão absolutos quando o tapete absurdamente verde da esquina da memória.
O vento dançava na esquina da memória, trazia pequeninos trechos de projetos de sonhos... Impedidos... Porém, quase tocáveis.
Naquela esquina aonde inverno não chega, para você será sempre verão, um último verão que na memória foi congelado em um azul oceânico extremo... Lembrei-me agora... Naquela esquina não chega também o oceano, não chegam mais olhos azuis oceânicos, chegam apenas lamentos aquecidos pelo verão interminável.
Interminável como uma volta pelos mundos que nós entramos, interminável como o dia que morreu enquanto o sol ainda nascia... Era algo no caminho, eu sei, lá estava o Tempo... Aquele mesmo Tempo que te apresentei há um tempo naquele caderno quadro-negro que ainda não tinha nome...
E como se ainda estivéssemos naquele dia quente de inverno, despeço-me: “Até um dia!”.