Nada sei

Rosa Pena 


Me fizeram gente ao me conceberem. Ganhei um ninho.
Deixaram-me ser criança. Voei leve
Tentaram me ensinar a adolescer. Voei breve.
Me fiz mulher por acaso. Voei rasante.
Aprendi a ser amante. Voei contente.
Me fiz mãe num instante. Virei ninho.
Intitulei-me adulta. Pousei.
Sensata... Amadureci! Comprei uma gaiola.
Mas nela tinham letras que voavam. Virei poeta. 

A quantos pés de altura viajam os sonhos?
Não existem controladores de vôos de quimeras.
Então me refiz criança sabendo que nada sei. 
Decreto que hoje completo uma primavera. 



foto/ Rosa e Felipe

Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 01/01/2007
Reeditado em 28/09/2008
Código do texto: T333484
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