CORAÇÃO DE POETA É CRIANÇA
O poeta nasce. E do poeta nascem poemas. E dos poemas nascem estrelas e o mundo se borda de emoções. E os olhos veem mais... E o coração do poeta se enche de luz. E a luz se espalha nos versos. E os versos falam de amor. E o amor fala ao coração. E do coração nascem flores. E das flores surge o perfume... E as borboletas beijam-flores... E o coração do mundo pulsa mais forte. E mais forte é o poema que, para além do poeta, permanece. Breve o poeta, perene a poesia. De tristezas se faz um poema e também de alegrias. De núvem, de névoa e de algodão. Um poema se faz de orvalho, em brilhos de prata, em fios de ouro dourando a manhã. Em raio de sol, poema também se faz. E de lua. E de lago. E de riso. E de pedras. Um poema se tece com doçura, e também no travo da amargura. Com entrega, com saudade, na despedida, no beijo, no abraço e na ternura. No perto e na lonjura. Alguns poemas são tristeza, outros, profecia. Nos olhos do poema eu vejo o brilho dos olhos dos amantes loucos, dos visionários e dos profetas. Pois os olhos dos poemas veem mais longe, para além da alma, para além do coração... Coração de poeta é criança. Para além das sombras, para além de tudo, bem acima dos limites do bem e do mal. Paira o poema. Criança travessa brincando palavras que mastigam sonhos. O poeta nasce. E habita o eterno exílio no longínquo país da fantasia e da imaginação. Um poema se faz do nada. E com ele se faz tudo.