[E Gira a Roda, e Segue a Vida...]
[Fragmentos - a descontinuidade é a essência]
Sim, na calçada, flores pisadas,
mas nenhum ramo partido ou quebrado, nada...
nada se perdeu, e não há nada entitativo,
nenhuma abstração a me consumir o olhar.
Irônica, gira a roda; as flores caem soltas,
sem compromisso, sobre o muro...
E o muro, sem alternativa além de estar,
apenas fica florido, todo florido...
E tudo pesado, todas as ambições gastas,
chorado todo o estoque de mágoas irremitentes,
segue a vida infrene, como sempre...
[... e gira a roda risonha e louca, louca...]
... E ainda bem que já vai se acabar:
hoje, de certa forma, já é ontem.
E por que não há nada mais interessante
para fazer, a gente vai vivendo, vivendo
sem poder parar, e sem nunca chegar!
[Desterro, 13 de novembro de 2011]