Fixação
Encontrei-te num imenso vergel de figuras,
E teu nome estava escrito na palma de tua mão,
Resgatei-te no anonimato das remotas lonjuras,
Identifiquei-te por teu perfume de manjericão,
Estendi-te o gesto sem que fosse premeditado,
Acolhi-te nas linhas ambíguas de minhas divagações,
Pus-te em um título que em segredo fica ao meu lado,
Aproximei-te numa narrativa pura entre canções,
Empenhei-me a encontrar a palavra que te definisse,
Deslizando meus dedos calejados pelo impresso,
Embriaguei-me nos rumos tantos de tua meiguice,
Na sinfônica da vida que vende um só ingresso,
Pintei-te nas paredes azuladas de um sonho,
Vesti-te de branco salientando teu sorriso,
Envolvi-te nas expressões que componho,
Despi-te no meu verso e no meu improviso,
Detive-me desde sempre perante tua grandeza,
Desfolhei-te como pétalas da rosa carmim,
Manifestei-me súdito em presença de tua nobreza,
Mantive-te flor perene no meu pequeno jardim,
Apanhei-te para te resguardar de outro poeta qualquer,
Expus-te como uma obra de arte sem analogia,
Trouxe-te para junto de mim com o nome de mulher,
Para que enfeites elegantemente a vida em cada novo dia,
Descobri-te numa colossal fazenda de contornos,
Onde teu codinome permanecia documentado,
Atraí-te das ancestrais configurações de adornos,
Agrupei-te ao bálsamo delicadíssimo mais procurado,
Pois trouxestes novos alentos com tua aparição,
Trouxesses de volta o que parecia estar perdido,
Deste um novo motivo para as batidas do coração,
Preenchestes a vida que eu ainda não tinha vivido,
Apresentastes púberes sustentos com tua alma,
Desenhando os contornos de tua dúbia insinuação,
Oferecestes uma nova razão com tua serenidade e calma,
Recheastes minha existência com tua manifestação,
E por tal, te entrego meu singelo agradecimento,
Em cada vocábulo que eu ainda nem mesmo escrevi,
Resgatastes um “homem” confuso neste dado momento,
Decompondo novamente os meus sonhos de “guri”...
Amaro Larroza.