MOMENTO ETERNO

Quando tudo se esvai e fica só você. Só você, só.

É que o mundo parece vir a baixo, cair sobre ti.

Quando as músicas já não falam ao seu coração,

quando as lágrimas já não surtem o mesmo efeito

e quando a poesia é, somente, tua única saída.

Neste instante você olha para cima e a quem clamar?

Parece hipocrisia, mas, não, você não tem coragem de gritar pelo dono de tudo,

pois você não merece, você o traiu.

Você acabou com a réstia de chance que você tinha.

O desespero toma conta do ser frágil, fútil e pobre que, então se tornou.

Assim que me sinto, pobre, nu, com as vestes salpicadas de sangue.

Não adianta mais palavras de consolo, nada pode mudar as erratas cometidas.

Somente nascer de novo poderá mudar o que foi e o que será.

Ainda há esperança?

Sempre achei que sim, até mesmo agora. Mas até quando será?

Não sei se suporto mais alguns dias assim...

Meu coração sofre, minha alma padece e meu ser clama por socorro.

Mas ninguém ouve minha voz.Como eco em meio a montanhas.

Minha voz retina e volta em mim como punhal afiado.

Tenho prazer no desconhecido, pois me oferece alguma esperança.

No obscuro porque me traz a chance de ser e ser sozinha. Assim como sempre fui.

Porém, ser sozinha sem olhos em mim.

Quando não só a solidão me acompanha, mas também a escuridão e a ausência de pessoas

que me acalenta e me faz livre. E não mais a solidão que sinto em meio a multidão.

Ouvindo musica, som desconhecido, indistinguível. Não sei o que diz, só sei que me faz embalar ao som da melodia e aparta minha mente daquilo que me machuca, me destrói, me corrói e o teclar,

faz meus dedos se perderem em meio ao nada.

Me dando sensação de liberdade, de vazio de nada...

E é assim que quero estar, nem que seja por instantes.

Mas eu quero ficar sozinha. Ouvir somente minhas musicas.

Estar somente em mim!

Não ter nada, nem ninguém por perto. Nenhuma tecnologia, nenhum meio para me comunicar com tudo o que me é externo.

Meus sonhos já não têm esperança.

Eu quero poder acreditar mas como as lágrimas, um mar em mim, inunda meu rosto. Me cega e não me permite ver o caminho a minha frente.

Bem... De onde veio tudo isso?

De meus próprios erros.

Erros?

Será mesmo erros?

Ou devia passar por isso?

Eu já nem sei se é erro, prova, pecado, tentação ou amor.

O que sei é que estou em meio a um deserto onde minha alma grita e implora por socorro vindo de quem me quer, me quer bem, quem me chama, me ama.

Portas fechadas, uma sala branca, um vento a me soprar e uma dor a me corroer.

Como dizia o cantor: caminhos traçados, mas não pude andar.

Se não ver a luz eu vou perecer à beira do caminho.

Penso... Temo ser este meu fim.

Minha perdição. Meu último respirar.

Em minha boca o gosto amargo e acre das lágrimas que molham meu rosto e a cada momento tenho mais certeza que não conseguirei prosseguir.

O que não consigo entender é que já fiz de tudo e esforcei para reparar o que fiz e o que ando fazendo de errado. De inconformidade com o caminho que devo ir, mas não acho forças.

É mais forte do que eu. Já busquei força aonde tinha e aonde não há mais.

E sempre minha mente me faz a mesma pressão: o que fazer?

Que rumo tomar?

Aonde parar? Aonde continuar? Ir ou retroceder? Corromper ou continuar?

Alguém diz que eu não posso desistir de lutar e de aprender a conviver com minha condição de ser humano.

Mas meu silêncio diz que eu não consigo me conformar, que eu não consigo ser assim.

Penso na minha fé... Aonde anda? Firmada em que? Em quem?

Meu erro me cega e não me deixa acreditar.

Está sufocando meu espírito, inibindo meu ser.

Não quero ver ninguém, não quero cair no que condeno, não quer ser insensível, congelada.

Quero ser quem sempre fui, até me esbarrar com meu tropeço.

Não posso desistir da vida, mesmo ruim me repudia o túmulo...

Porém a dor é grande e invade-me.

Vazio. Quantas vezes usei arbitraria e incoerentemente esta palavra. Fui néscia.

Só agora conheço o vazio, o nada, o tudo, a complexidade do vago infinito, em minha vida.

Quero cantar uma canção que fale de amor, de fé, de esperança... Mas não a encontro.

Começo a perceber que o vazio que parte de dentro de mim está transcendendo meu corpo e inundando o meu redor e derredor enchendo a sala em que me encontro.

Começa lá do fundo ecoar a musica que me remete a nós, a você, momentos...

Que me faz chorar e pedir aos céus uma saída para tão grande dificuldade para que então, este dilema possa ter uma consumação. Seja ela qual for.

Já não quero ter esperança, quero uma resolução para os cordéis que me prende.

Conto infinito, impossível de se viver. Mas que a nós foi dado a provar.

Nos roubando e nos tragando em seu prazer. Quem viveu as rosas como nós, em dois meses.

Fica assim, bêbado, tonto, imolado pelo sabor de uma vida a dois, assim como nos sonhos e como nos teatros. Que no meio da encenação principal é puxado o tapete e os atores principais saem de cena, deixando o escuro para trás.

Porém teatro sem plateia, onde a plateia e os atores são os mesmos. São dois perdidos, embriagados pelo prazer de dois meses que esvairão no tempo, deixando marcas profundas e lembranças com sabor de retorno na boca e no seio de cada um.

Eu quero um pouco de ar, de água, de mar, de vento, de você comigo.

Fingir pode ser uma opção, mas não vou disfarçar minhas lágrima.

Viajei, embarquei num momento eterno que teve seu fim rápido de mais e eu não percebi que eu sou igual a todo mundo, que também levo as rasteiras da vida nas curvas do destino.

Uma pausa, letras que surgem.

Mas novamente as lágrimas, a dor e a música vem me dizer que eu me enganei e que estou em meio ao vale da melancolia.

O que eu preciso neste momento ninguém, homem algum pode me oferecer. O dinheiro é um grão na praia e não se pode, jamais se comparar ao valor que excede aos rubis que é a felicidade para meu pequenino coração.

“Corazon partío”, como dizia Alejandro.

Quero voltar a sentir o prazer de ver uma abelha que cheira uma flor, do cachorrinho que brinca com seu rabo. De ver as nuvens e sorrir e no vento embalar minh'alma.

Mas a dor que hoje se alojou em mim me cega e só dá brechas para ver amargura e a música que me fazia sorrir hoje me entedia.

Cadê meu eu? Aonde se foi, quem sempre fui?

Me desconheço. Não reconheço esse ser que eu sempre fui e que se tornou mutável.

Diga-me? Diga-me os céus. Diga-me a terra.

Diga-me você que me conheceu a alma tranquila e calma que sempre fui.

Quero voltar a mim, a quem eu fui.

Terá jeito?

Para minhas indagações não encontro resposta.

Para meu céu não vejo azul. Para o meu mar, o negro da dor. Enche meus meus olhos junto com a salinidade de minhas lágrimas.

Mas meu fraco coração grita e continuará a gritar até que a luz que agora ínfima, mas visível, se torne um farol sobre a minha vida como uma nova história linda e linda escrita pelo dedo de Deus.

leidianebrandao
Enviado por leidianebrandao em 11/11/2011
Reeditado em 11/11/2011
Código do texto: T3330116