Euq aboic - a pesar da fama

Parecia-me tão familiar.

Era só nisso que conseguia pensar durante aquele breve instante entre permanecer sã e transformar-me em desvairada.

Não quis pegar-lhe pela mão. Achei que chamaria demasiada atenção se o fizesse. E sem entender ainda hoje o porquê, ele cedeu-me o pedido.

Mentira.

Serei sincera.

Obedeceu-me os olhos insanos.

Avisei-lhe que me despiria a fim de comprovar o nada público de minhas intenções. Não pensava em que ninguém soubesse daqueles meus instantes.

Jamais havia pensado.

Em nenhum dos sonhos que antecederam àquele - o real.

Passou-se muito tempo, mas a pergunta veio. Me decepcionou.

Respondi que nunca fiz planos.

Contudo sentia com toda a clareza o que eu queria.

E não era nada. Era pousar a cabeça em seu colo, era tocar-lhe o rosto, o cabelo.

Era pouca coisa. Era dar-lhe a mão ao caminhar, era ouvir-lhe uma bobagem dessas das quais se ri muito sem explicação.

Era muito. Era intimidade. Era tudo.

Não me deu. Decepcionei-me.

Mentira.

Laura Lima
Enviado por Laura Lima em 11/11/2011
Reeditado em 11/11/2011
Código do texto: T3329263
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