E o tecelão disse: Fala-nos das Roupas.
 
E ele respondeu:
As vossas roupas ocultam muita da vossa beleza, no entanto não ocultam a fealdade.
 
E embora procureis no vestuário a liberdade da privacidade, podereis encontrar nele grilhetas.
 
Pudesseis vós enfrentar o sol e o vento com mais pele e menos vestuário.
 
Pois o sopro da vida está na luz do sol e a mão da vida, no vento.
 
Alguns de vós dizeis, "Foi o vento do norte que teceu as roupas que vestimos."
E eu digo, ah, sim, foi o vento do norte, mas a vergonha era o seu ofício e o amolecimento dos tendões o seu tear.
 
E depois de acabar o seu trabalho foi-se rir para a floresta.
 
Não esqueçais que a modéstia é um escudo contra o olho do impuro.
 
E quando o impuro deixar de o ser, que será a modéstia senão um entrave do espírito?
 
E não vos esqueçais que a terra adora sentir os vossos pés nus, e os ventos anseiam por brincar com os vossos cabelos.

 
 
                               &A&

 
Do livro “O Profeta”   (sem indicação de tradutor)
 
Créditos:

http://www.clube-positivo.com/biblioteca/pdf/profeta.pdf




Khalil Gibran (República do Líbano)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 09/11/2011
Código do texto: T3327060