Então um erudito disse: Fala-nos da Conversa.
 
E ele respondeu, dizendo:
Vós falais quando deixais de estar em paz com os vossos pensamentos, e quando já não conseguis lidar com a solidão do vosso coração, viveis com os
lábios e o som é uma diversão e um passatempo.
 
E, em muita da vossa conversa, o pensamento fica amordaçado.
 
Pois o pensamento é um pássaro do espaço que numa gaiola de palavras pode abrir as asas mas não pode voar.
 
Há muitos de entre vós que procurais a conversa com medo de estardes sozinhos.
 
O silêncio da solidão revela aos vossos olhos os vossos eus despidos e eles querem escapar.
 
E há aqueles que falam, e sem conhecimento ou premeditação revelam uma verdade que nem eles próprios entendem.
 
E há aqueles que têm a verdade dentro de si, mas não a dizem por palavras.
 
E é no seio destes que o espírito habita em silêncio rítmico.
 
Quando encontrais o vosso amigo na rua ou no mercado, deixai que o vosso espírito conduza os vossos lábios e dirija a vossa língua.
 
Deixai que a voz dentro da vossa voz fale ao ouvido do seu ouvido, pois a sua alma guardará a verdade do vosso coração tal como se guarda o sabor do vinho.
 
Quando já se esqueceu a cor e já não temos a taça.

 
 
                                                      &A&

 
Do livro “O Profeta”  (sem indicação de tradutor)
 
Créditos:

http://www.clube-positivo.com/biblioteca/pdf/profeta.pdf




Khalil Gibran (República do Líbano)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 09/11/2011
Código do texto: T3327001